A valorização do dólar frente ao real é boa ou ruim? Isso depende. Para as pessoas comuns, a alta da moeda americana pode ser terrível para o bolso. Dos produtos que compramos no mercado ao carro novo que estamos namorando – tudo isso sobe junto.
Para se ter uma dimensão, quando falamos em automóveis, 80% dos componentes são importados mesmo nos modelos fabricados no Brasil. O transporte das peças até o porto de Santos também é pago em dólar. Deu para perceber o quão mais caro está o custo e o quanto isso vai refletir no preço final, não é?
E o que vem junto piora a situação – inflação e juros altos. O produto agrícola fica mais caro porque o fertilizante é importado. A farinha de trigo vem da Argentina e faz subir o preço do pão e do macarrão… Ou seja, não é só quem está adiando as férias em Miami que tem motivos para reclamar: dólar alto pesa no bolso de todo mundo.
O outro lado
Agora, se você tem uma indústria que exporta a produção para fora do País, a desvalorização da moeda brasileira frente à americana torna seu produto mais barato e mais atraente. Enquanto o mercado interno está parado, as exportações têm sido a salvação de muitos. Para alguns setores, as vendas para outros países passaram a representar cinco vezes mais no faturamento depois da disparada do preço do dólar.
A alta é a esperança dos exportadores para recuperar a competitividade. Se os custos são em reais e as receitas em dólar, por que não comemorar? É por isso que donos de empresas do setor de papel e celulose ou do setor agrícola, como as fábricas de suco de laranja, estão rindo a toa – pelo menos por enquanto.
Mas os economistas alertam que essa comemoração não deve durar muito. A inflação vai interferir nos custos internos, como o dos salários, e a vantagem vai diminuindo. O preço das commodities, que representam 60% das exportações brasileiras, também está menor e muitos dos países que compram da gente estão crescendo pouco e diminuindo as importações e pode ser que nem o dólar alto compense essa queda.